O evangelho de Lucas 9,57-62 fala claramente de vocação. A
vocação é uma imensa riqueza. Mas toda vocação representa sempre ruptura,
representa perda, representa ter que deixar alguma coisa e alguma coisa
importante para nós. Eu me recordo perfeitamente que quando na sala de
palestra, em Que a luz, eu estando um pouco ao lado esquerdo da sala, eu fiz
aquele desafio: “quem estava disposto a deixar, sua
casa, família, seus estudos, trabalho e até mesmo o seu namoro, e vir para
vivermos em comunidade”. Eu não ensaiei, nem escrevi, nem fiquei
estudando esta fórmula. Saiu espontaneamente. Ela é tão inspirada que até hoje
me lembro “quem esta
disposto a deixar”. Porque toda vocação representa perda, ter que
deixar. Toda vocação representa ruptura.
Encontramos na leitura do evangelho de Lucas três chamados: o
primeiro é daquele homem que no meio da multidão, ali na estrada, ele toma a
iniciativa. A iniciativa é dele, “eu
te seguirei para onde quer que fores”. Jesus logo percebeu, não é
vocação, porque vocação inclusive vem do latim vocare (chamar). Jesus não estava chamando a
ele, era ele que queria, era um desejo dele, era um bom desejo, era vontade
dele, era uma excelente vontade da parte dele, mas não era um chamado não era
uma vocação, ele não foi requisitado, ele estava se oferecendo.
Jesus teve que o colocar a prova, só por isso que vou dizer,
você já vai perceber que não se trata de vocação, Jesus intuía na alma e no
coração “as raposas tem suas
todas, os pássaros tem seus ninhos, mas o filho do homem não tem onde repousar
a cabeça” provavelmente aquele homem estava ansioso, pelo fato de
ser discípulo de Jesus, de ser apostolo de Jesus, e seguir a Jesus de ter o
“status” de ser um seguidor próximo de Jesus. Para ele era uma glória, uma
vangloria. Estar seguindo Jesus era um projeto pessoal e não um chamado, quanta
gente encontramos por ai, jovens rapazes moças que tem esses projetos, se
agarram a esses projetos eles querem seguir uma vocação, eles querem ir para um
seminário eles querem ser padres eles querem ir para uma comunidade, eles
querem ser “daquela comunidade” projeto pessoal.
Claro é um bom projeto, é um bom desejo, mas não se trata de
vocação. A Palavra de Deus diz: “não fostes vós que me escolhestes,
mas eu vos escolhi e vos constituir para irdes e produzirdes frutos e vosso
fruto permaneça”, a iniciativa é sempre de Deus.
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